quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O samba que faz a luta e a luta que faz o Samba - Unidos da Lona Preta promove carnaval contra hegemônico.

Por Silvana Bezerra.

Escola de samba unidos da Lona Preta.

Houve um tempo em que as escolas de samba se organizavam as comunidades para brincar o carnaval, tendo como um dos princípios de existência o amor pelo samba, a reafirmação de uma identidade coletiva e principalmente a cultura popular como meio de expressão de um povo, uma comunidade, um indivíduo.

 Atualmente restaram poucos resquícios deste tempo. As grandes escolas de samba têm se dedicado cada vez mais em transformar o carnaval em mercadoria. Produto de consumo caro, que exclui a maior parte da população para disputar títulos, status, espaço nas mídias, entre outras questões que não tem haver com suas origens históricas.

 Na contra mão desta lógica da Indústria cultural, surge dentro do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, a Escola de Samba Unidos da Lona Preta.

A ideia de criar um espaço para fazer samba ,pensar o samba e a música como instrumento de luta, de diálogo e porque não formação política teve início em 2004 na ocupação da fazenda Ithayê na capital do estado de São Paulo, no bairro de Perus.


Mestre Geraldo, foi o primeiro mestre de bateria da Escola de Samba,mas faleceu antes de ver seu trabalho concluído.Geraldo ficou com a tarefa de ensinar a batucada para os jovens do acampamento Irmã Alberta,era ele quem organizava os ensaios e as formações.


A  começo início as pessoas saíam de seus barracos de Lona Preta (aí a origem do nome da escola), em plena ocupação da fazenda Ithayê, para aprender a tocar os poucos instrumentos que o coletivo de cultura conseguiu juntar.


Muitas mudanças aconteceram ao longo da história da Unidos, a inserção de novos componentes, deu á escola uma pluralidade de vozes e permitiu que a discussão sobre política, Reforma Agrária e cultura ultrapassasse os espaços do MST.


Na Unidos participam 30 ritmistas, a maioria são moradores das Comunas do MST da Grande São Paulo,outros são estudantes da capital paulista, estudantes de Campinas, militantes do MPL – Movimento Passe Livre, torcida Gaviões da Fiel, entre outros simpatizantes e parceiros da luta da classe trabalhadora.


Esta escola que se propõe ser contra hegemônica, faz formação ao mesmo tempo em que discute letras de sambas ,momentos da história do Brasil e questões da atualidade para ajudar nos debates, esta metodologia ajuda na compreensão sobre cultura e política, portanto, todos os os componentes da escola são sujeitos no processo de construção da Unidos .


A bateria foi batizada com o nome de “batucada do Povo brasileiro”, isso para reafirmar nossa opção pelo carnaval feito pelo povo, para o povo. Por fim, a discussão sobre o sistema capitalista e a Indústria cultural deixa ser uma discussão densa, para se transformar em papo franco, diálogo livre de formalidades, de convenções e só no fim destas formações que todos os componentes se juntam para compor o samba enredo e pensar toda a apresentação.






O tema para o carnaval de 2011 foi o uso indiscriminado de agrotóxicos na produção agrícola. O objetivo do samba é alertar a sociedade, que o consumo de alimento envenenado é um risco grave para a saúde e para o meio ambiente.


A partir do fim de Janeiro os ensaios começam, aguarde a agenda completa dos ensaios e apresentações nas próximas postagens.


Curta agora a letra do samba enredo do carnaval 2011 da batucada do povo brasileiro:


Plantar o pão, colher a vida: para o mundo se alimentar sem veneno”
 


Canta povo brasileiro
Batucada é de bamba                                                            Refrão
Hoje a Lona Preta vem dizer, dizer
A luta é o tempero do meu samba                   

Oh Mãe Natureza
Nós queremos a tua diversidade
De cores, sabores
Na mesa do campo e da cidade
Agroecologia
Com soberania alimentar
Pra preservar o nosso chão
Um novo mundo pede uma nova relação
Do jeito que tá, não dá pra ficar
A produção

Comida ruim ninguém aguenta, ninguém aguenta
É veneno em todo canto, em todo canto                               Refrão
Mata gente e mata rio, e mata rio
Agronegócio a mentira do Brasil

Semente com patente é roubar a natureza
Monocultura na agricultura
Deserto verde: cadê a beleza?
Lucrando e fazendo a guerra
Matando o ser humano e a mãe terra

A luz
Do companheiro Keno
Ta na memória
De quem ocupa a avenida
Presente que aduba a sua história
Colhe o pão da vida



mais informações em :http://www.mst.org.br/node/11347

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